19 outubro, 2007

LXVI Os Gatos de Baudelaire

Gravura em metal. àgua-forte e água tinta
(charbonnel eatching ink black)
4, 5 x 5,5 cm
2003
Os amantes febris e os sábios solitários
amam de modo igual, na idade da razão,
os doces e orgulhosos gatos da mansão,
que como eles têm frio e cismam sedentários.
Amigos da volúpia e devotos da ciência,
buscam eles o horror da treva dos mistérios,
tomara-os Érebo* por seus corcéis funéreos,
se a submissão pudera opor-lhes à insolência.
Sonhando eles assumem a nobre atitude
da esfinge que no além se funde à infinitude
como ao sabor de um sonho que jamais termina
Os rins em mágicas fagulhas se distendem,
e partículas de ouro, como areia fina,
suas graves pupilas vagamente acendem.
* Em gr. Érebos, entidade preexistente À criação do universo, filho de Caos e irmão de Nix (a noite), símbolo literário da morte. p.273
Baudelaire, Charles, 1821-1867. Les Fleur du Mal
As Flores do Mal/ Charles Baudelaire trad. e notas de Ivan Junqueria- Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985 (Poesia de todos os tempos)

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